Eles querem saber sobre você, sua vida e o que se esconde por trás das suas paredes
O filme se passa na Alemanha Oriental, onde um agente da Stasi é enviado para espionar, através de escutas colocadas discretamente por toda a casa, um casal profundamente envolvido na cena cultural: o escritor Georg Dreyman e a atriz Christa-Maria Sieland.
Quanto mais tempo o agente ouve, mais se aprofunda na vida, no romance do casal, no ambiente e paulatinamente seus hábitos mecânicos e milimetricamente calculados dão vazão a um homem que demonstra, ante ao homem-máquina, toda a humanidade que um coração acinzentado pode encerrar.
Porém, muito além da solidariedade adormecida na razão da Stasi, Das Leben..., quase quer provar uma espécie de determinismo genético: se nasces bom, não importa o uniforme que vestes. Não é a toa que a soundtrack repousa na “Sonata para um homem bom”, quando se vê o agente cinza iniciar o seu processo de amolecimento.
Ah, e a solidão!
A solidão punge em todo momento: nas cores, dores, olhares, palavras, nos livros, na música, no cenário... Ela repousa em todos os cantos do longa que ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, nocauteando O labirinto do fauno e todos os seus milhões de apreciadores.
Parafraseando o personagem que exclama no filme “- É um Brecht!”, em referência ao livro que lê no momento de uma festa de aniversário, reforço minha ideia e, quiçá, dos jurados do Oscar do porquê “Das Leben der Anderen” ter ganho:
“É um alemão!”
Duração: 132 minutos
Ivna Alba