Por que o homem se reconstroi e se reencontra na tolerância
Clint Eastwood surpreende constantemente, tanto por sua atuação, quanto pela direção e produção. No drama, Gran Torino, não seria diferente. O diretor de Menina de Ouro que sutilmente me fez derramar lágrimas por 20 minutos, após o término do filme, cumpriu sua missão de novo. Ao assistir o longa, percebi a maturidade e a ciência que o ator, diretor e produtor norte-americano de 80 anos conquistou ao longo de sua carreira, que se iniciou em 1955.
Walt Kowalski, veterano da Guerra da Coréia, trabalhou sua vida inteira na Ford e mantem sua rotina de hábitos peculiares até mesmo após a morte de sua esposa, quando se começa a narrativa, que se abre em pequenos pedaços ao passar dos frames.
Walt Kowalski, veterano da Guerra da Coréia, trabalhou sua vida inteira na Ford e mantem sua rotina de hábitos peculiares até mesmo após a morte de sua esposa, quando se começa a narrativa, que se abre em pequenos pedaços ao passar dos frames.
Frio, cauteloso, abrupto quando é perturbado, Kowalski se vê solitário e importunado pelo padre, que promete cuidar dele, a sua esposa e pela vizinhança asiática. Tudo lhe traz repúdio, mas esse mesmo sentimento é quebrantado, quando seu jovem vizinho, para entrar na máfia, tenta roubar-lhe algo de mais valor material para ele: seu Gran Torino de 1972.
Entre erros e acertos, Kowalski e seus vizinhos asiáticos reconstroem e se reencontram nas dificuldades do dia-a-dia e das tentações, além da violência que lhes fura as paredes e deixam aparecer por entre as frestas a desilusão do que seria a vida real e que nada nela é tão fácil, quanto polir um carro.
Entre erros e acertos, Kowalski e seus vizinhos asiáticos reconstroem e se reencontram nas dificuldades do dia-a-dia e das tentações, além da violência que lhes fura as paredes e deixam aparecer por entre as frestas a desilusão do que seria a vida real e que nada nela é tão fácil, quanto polir um carro.
As marcas deixadas pela guerra nos veios fundos do rosto do veterano são a presença nítida de algo que não cicatrizou na caverna onde pulsa seu músculo propulsor de vida. Pelas veias, muitas farpas. Entre as mãos, um projétil amargo. Entre o doce e o delicado aprofundamento dos relacionamentos que se estampam, uma luz gélida e tons pálidos afinam a produção dramática de Gran Torino, que segue até o final diluído em nada mais, nada menos que a sutileza do desabrochar dos sentimentos de Kowalski.
O filme não discute apenas a frieza de um velho homem que combateu em guerra, ou da amizade, ou da presença divina na vida humana, ou do sentido da morte em nossa existência, o poder de uma amizade nos momentos mais críticos da vida de pessoas tão distintas, mas também a questão da xenofobia cuja temática nunca há de se esgotar no mundo inteiro, especialmente nos Estados Unidos.
Assista Gran Torino sozinho!
Nem a pipoca deve estar presente...
O filme não discute apenas a frieza de um velho homem que combateu em guerra, ou da amizade, ou da presença divina na vida humana, ou do sentido da morte em nossa existência, o poder de uma amizade nos momentos mais críticos da vida de pessoas tão distintas, mas também a questão da xenofobia cuja temática nunca há de se esgotar no mundo inteiro, especialmente nos Estados Unidos.
Assista Gran Torino sozinho!
Nem a pipoca deve estar presente...
Duração: 117 minutos
Ivna Alba
