A menos que você ame, sua vida passará rápido
A inconsciência de nossas frustrações e a definição da relativa felicidade, ocasionada pelos momentos ímpares e profundos. A trajetória de uma parábola. Uma batalha árdua e frenética travada no mais recôndito recanto do espírito humano. Uma textura salpicada de todos os tipos de sentimentos bordados e recortados. A incongruência de tudo que somos e a consciência do porquê de existirmos. Esses são apenas alguns dos pontos de vista que exponho sobre o longa cujo roteiro e direção cabem a Terrence Malick.
Indubitavelmente, "The Tree of Life" - "A Árvore da Vida" - não marca apenas um novo olhar cinematográfico, mas também de se pensar e realizar cinema. As narrativas não precisam de uma linearidade, pelo menos não a meu ver, para o cinema. Já o teatro... Discordo de quem tenta me convencer de que o teatro pode usufruir da "realidade fragmentada". Malick pôde e não só usufruiu, mas se apropriou dela com exatidão e uma lógica sensíveis.

O drama conta com um certo tom picante, tenso e voraz a história das influências paterna, materna e como elas podem repercutir na extensão vital de alguém. Trabalhando um certo complexo de Édipo de forma sutil, ele, Malick, encaixa o duelo do personagem vivido por Sean Penn. Quiçá a razão do pai - Brad Pitt - e a fraqueza e sutileza da mãe - Jessica Chastain - fundidos a esse complexo edipiano reflitam em seu comportamento no matrimônio, exalando e explodindo na ausência do seu irmão. "Pai, mãe, vocês estarão sempre lutando dentro de mim. Sempre estarão." Essa miscelânea de sentimentos diferencia seu olhar para o mundo em que vive, amplo em diversidades e mediocridades.

As cenas que costuram todo o longa, interligando o estado natural, humano e suas evoluções são milimetricamente editados. A fotografia... Bem, me faltam palavras para descrever a fotografia sublime que mesmo se não houvesse história, já nos colocaria no nosso lugar: inferioridade. E é nesse andar dos fatos impecáveis e sublimes, desenrolados em cadeias assimétricas que se ostenta a trilha de Alexandre Desplat, que ora parece beber da fonte de Philip Glass, ora do Michael Nyman. Sem esquecer, obviamente de Smetana e Oh, Moldavia!
Nunca haverá tanta história, conteúdo, beleza, fluidez e sutileza em um filme como em "The Tree of Life". Duração:139 minutos
Ivna Alba