Assim que saiu a notícia de que estrearia um filme sobre o Luiz Gonzaga, o marido logo avisou: vamos ver! Intimação feita, no feriado não teve escapatória, fomos junto com a minha cunhada (que nunca tinha ido ao cinema), ver a história daquele que marcou o sertão com ótimas músicas.
O filme é como uma minibiografia sobre a vida de Luiz Gonzaga e Gonzaguinha, claro que o prato principal era o Rei do Baião, mas por meio de sua história conhecemos também a história do seu filho e os motivos para que ele tivesse tanta mágoa do pai.
Logo no começo da história vemos Helena, segunda mulher de Gonzaga pedindo ajuda a Gonzaguinha, pois o Rei do Baião estava falido. Chegando a casa de sue pai, em Pernambuco, logo percebemos de cara a péssima relação dos dois e quando Gonzaguinha joga na cara do pai que nunca teve a oportunidade de conhecê-lo, Gonzaga então começa a contar a usa história para seu filho.
Ainda jovem Gonzaga se apaixonou por uma linda moça, loira, de olhos azuis, filha de coronel. Claro que o pai da menina não queria que sua filha se casasse com Gonzaga, que era pobre e mulato. Depois de afrontar o pai da moça, Gonzaga leva uma surra de sua mãe e sai de casa, vende sua sanfona e entra para o exército, ficando por lá por 10 anos. Saindo do exército Gonzaga ganha as ruas do Rio de Janeiro e descobre que sua sanfona não é muito bem vista pela cidade. Ainda em seus primeiros dias na cidade grande, Gozanga conhece um grande amigo, Xavier, que lhe oferece casa, comida e roupa lavada, já que sua mulher era um doce de pessoa. Um tempo depois Gonzaga descobre, ao ouvir um pedido de um nordestino em um bar, que o forró pode fazer sucesso, já que antes ele só tocava coisas como Valsa. Porém, Gonzaga tinha que relembrar de suas raízes e foi o que ele fez. Um dia de treinamento foi o suficiente para ele voltar a tocar sua sanfona no ritmo do Baião!
O filme mostra como Gonzaga conhece a mãe de Gonzaguinha, sua dúvida sobre a paternidade do filho e a negligência como pai. Depois da morte de sua mulher, Gonzaga cai na estrada como o já conhecido Rei do Baião, deixando Gonzaguinha aos cuidados de Xavier e sua esposa. Dinheiro nunca faltou ao filho, mas faltou a presença do pai como bem joga na cara Gonzaguinha. Pior ainda fica a relação dos dois quando Gonzaga se casa novamente, agora com Helena e história perpassa por todas as etapas da vida dos dois protagonistas. Claro que muita coisa fica de fora, como a ida ao estrangeiro de Luiz Gonzaga, mas o principal de sua vida esteve presente.
A história do Rei do Baião me fez pensar sobre muitas coisas, principalmente na cultura nordestina. Hoje acho que isso não cabe apenas aos nordestinos, mas talvez a muitos pais pobres, que tendem, inevitavelmente, a dar dinheiro aos seus filhos como forma de educação. Sou de família nordestina vi e vejo muito disso enraizado na nossa cultura. Escola e a mãe educam os filhos, o pai coloca comida em casa e por conta disso, gerações inteiras tiveram pais presentes, porém ausentes. Não foi diferente com Gonzaga que quando questionado pelo filho sobre sua ausência como pai, respondia insistentemente que a ele nunca lhe faltou nada, teve escola, comida, faculdade.
Enfim, teorias à parte, “Gonzaga, de pai para filho” é uma linda biografia de dois cantores importantes para a cultura brasileira, que vale muito apena ser assistida!
Michele Lima